Tese - metodologia


Inaugurando (18.04.2023) esse blog dentro do meu site para fazer anotações mais sobre projetos e afins.

Minha pesquisa foi desde o começo uma metainvestigação. Acho que isso é sempre assim, né? Precisamos também pesquisar formas de pesquisar. Mas no meu caso tinha alguns elementos a mais (o que acho que é o que todo mundo pensa, mas vamos lá). No primeiro capítulo da tese eu conto como chego ao doutorado carregando um repertório de projetos abertos, situados e participativos. Me inicialmente coloco na posição de absorver ferramentas para estruturar coisas que antes eu fazia de forma mais orgânica e posso dizer intuitiva. Faço um primeiro movimento nesse sentido, entendo o cenário da minha pesquisa, defino e valido o foco, e em um segundo momento passo a questionar algumas coisas. Primeiramente questiono o alcance e a perspectiva da pesquisa através de design; encontro também limites nas metodologias abertas oriundas do mundo digital; e me conecto com meu próprio histórico - engajado, colaborativo, altermundista, incomodado com práticas coloniais. Daí parto para explorar um pouco de teoria embasada construtivista. Tomo de empréstimo algumas ferramentas, mas não me detenho ali. Por fim, aceito a aventura de dialogar com pesquisa-ação participativa. Isso vem tanto em uma conexão lateral com outras pessoas igualmente envolvidas hoje em dia com iniciativas de transformação material de objetos fora de uso, quanto com minha própria existência enquanto sujeito latinoamericano desenvolvendo minha pesquisa no norte global e me decepcionando com uma certa superficialidade objetiva em uns lugares, ou uma abstração excessiva em outros. Evocar práticas decoloniais ao conectar minha investigação com a pesquisa-ação não é, assim, uma simples escolha metodológica. É muito mais um esforço de associar minha pesquisa - por mais enviesada, pequena e limitada que seja - a um cenário global de imensas contradições, exploração e práticas injustas e insustentáveis. Aqui, também como no meu uso da pesquisa através do design, eu não sou somente um observador interessado mas um integrante ativo de diversas redes que atuam e transformam o próprio cenário que estou pesquisando. É isso que preciso debulhar - ah, esses lindos verbos do meu idioma do coração - que preciso debulhar no capítulo de metodologia.

Previous Next